O ministro do Esporte, Orlando Silva, defendeu-se nesta segunda-feira (17) das recentes denúncias veiculadas contra a sua gestão. Ele prometeu entrar na Justiça com uma ação contra os autores da acusação de que participou de um esquema para desviar dinheiro do programa Segundo Tempo. “Estou confiante de que a verdade será restabelecida, não é possível que um criminoso se converta numa fonte de verdade”, disse, em entrevista coletiva. “Vou até as últimas consequências para defender minha honra.”
“Não houve, não há e não haverá nenhuma prova das mentiras faladas por esse criminoso”, afirmou. O ministro disse que não conhece um dos autores da denúncia – Célio Soares Pereira – e que o outro, João Dias, viu apenas uma vez, quando ainda era secretário-executivo da pasta. De acordo com reportagem da revista Veja deste fim de semana, Ferreira teria entregue um pacote de dinheiro para Silva na garagem do Ministério. “Sou vítima de mentiras informadas por bandidos, pessoas criminosas”, disparou.
Silva participa de uma audiência pública amanhã na Câmara, em sessão conjunta das comissões de Turismo e Desporto (CTD) e Fiscalização Financeira e Controle (CFFC). As acusações foram feitas por João Dias, da Federação Brasiliense de Kung Fu e ex-militante do PCdoB (partido ao qual o ministro é filiado), e por Célio Soares Pereira, que, segundo a revista, seria uma espécie de faz-tudo do grupo que comandaria a arrecadação irregular de verba destinada ao programa criado pelo governo federal para incentivar crianças de baixa renda a praticar esportes. Conforme os relatos, o suposto esquema de irregularidades em convênios assinados entre o ministério e ONGs teria desviado mais de R$ 40 milhões em oito anos.
A reunião originalmente discutiria os investimentos governamentais para a Copa do Mundo de 2014, mas o próprio ministro solicitou que aproveitasse a oportunidade para se defender das acusações. Silva protocolou hoje na Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido para que o Ministério Público Federal investigue as denúncias publicadas por Veja. “A matéria foi feita baseada exclusivamente no depoimento de duas pessoas. O ministro e nós, do PCdoB, assim como o governo da presidente Dilma, queremos tudo esclarecido, e tudo será esclarecido”, disse o líder do partido na Câmara, deputado Osmar Júnior (PI).
De acordo com a Agência Brasil, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse hoje, em entrevista no Rio de Janeiro, que vai encaminhar ao diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Coimbra, pedido de investigação sobre as denúncias feitas contra o ministro do Esporte, Orlando Silva. Para Cardozo, “tudo será facilitado porque o próprio acusado” pediu-lhe que determinasse a investigação. “Todos aqueles que tenham contribuído para os fatos supostamente ocorridos serão ouvidos pela Polícia Federal, que tomará como ponto de partida investigações que já estavam em andamento sobre convênios firmados pelo ministério. Uma vez identificados novos fatos, estes poderão envolver a abertura de um novo inquérito”.
Em Petrória, capital executiva da África do Sul, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o governo está acompanhando “atentamente” as recentes denúncias contra o Ministério do Esporte e o titular da pasta. “Olha, nós, ao contrário de muita gente por aí, temos um princípio democrático e civilizatório. Nós presumimos inocência, e o ministro, não só nós presumimos a integridade dele, como ele tem se manifestado com muita indignação quanto às acusações feitas a ele.”
Desde ontem, o ministro do Esporte tem recebido o apoio de integrantes do seu partido, o PCdoB, que comanda a pasta desde o primeiro governo do ex-presidente Lula. No Twitter, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União da Juventude Socialista (UJS) começaram um movimento que resultou na hash tag “#SouOrlandoSouBrasil”, que ontem era um dos assuntos mais comentados na rede social. Hoje, até o presidente nacional do partido, Renato Rebelo, tuitou o tópico e foi acompanhado por centenas de seguidores.
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