domingo, 29 de maio de 2011

A fila andou no PSDB, e Aécio está na frente


José Serra conseguiu o que queria na convenção do PSDB: um cargo de destaque na estrutura administrativa do partido ao ser indicado presidente do Conselho Político, que foi reforçado com uma assessoria para atendê-lo. Mas perdeu o que já teve, a condição natural de ser o candidato à Presidência pela legenda. O resultado da convenção mostrou que a fila andou e está à frente agora Aécio Neves.

O senador Aécio Neves terá de ter, no entanto, a partir de agora, uma atuação mais firme no partido para manter esse primeiro lugar na fila tucana. José Serra mostrou que quer atuar como militante político até para tentar se viabilizar como candidato a presidente da República mais uma vez.

“Eu sempre fui um ativista político, um militante, um soldado. Onde tiver um problema, podem me chamar que eu vou, seja onde for”, disse Serra no discurso, revelando sua disposição de percorrer o país como o nome do PSDB.

Os discursos e abraços durante a convenção não esconderam os momentos de tensão que antecederam o acordo que levou José Serra ao comando do Conselho Político do PSDB. A estratégia de Aécio Neves era isolar completamente José Serra do comando partidário.

José Serra perdeu espaço no partido porque tentou ser presidente da legenda, mas o atual presidente Sérgio Guerra já havia conquistado os apoios necessários. Nas últimas horas, a pretensão de Serra era ser o presidente do Instituto Teotônio Vilela, cargo que acabou ficando com o ex-senador Tasso Jereissati, que é partidário de Aécio Neves.

Diante da ameaça de Serra de sequer comparecer à convenção, uma solução foi buscada nas últimas 24 horas de intensas reuniões. Um personagem central nessas conversas foi o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que, segundo tucanos, teve a tarefa de dizer a Serra que o momento dele havia passado, e que agora é a vez de Aécio Neves.

Aliados de Serra reconhecem que o resultado da convenção mostra que a fila andou a favor de Aécio. E que o senador mineiro terá mais controle do partido. Mas os partidários lembram que não será essa executiva a que decidirá a escolha do candidato tucano à Presidência da Republica em 2014.

Já os partidários de Aécio comemoram a vitória, mesmo com a concessão feita a José Serra. Mas reconhecem que, daqui para frente, Aécio terá de mostrar mais determinação com as questões partidárias e com a reestruturação do partido após três derrotas consecutivas em disputas presidenciais.

“Para ser presidente da República, ele terá de fazer mais política e ter menos vida social.”

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