Ex-prefeito, ex-governador, ex-ministro do governo Fernando Henrique e do governo Lula. Mesmo assim, Ciro Gomes não conseguiu ser candidato a presidente, como queria. Ele não desistiu da candidatura, mas o PSB decidiu que não dará a vaga a ele, uma decisão que agrada ao PT e ao presidente Lula. O PSB, apesar de contrariar a vontade do Deputado, agora, anunciará o apoio oficial à Dilma Rousseff, do PT, no próximo dia 17. Ciro nem apareceu na reunião do partido. Sabia que seria derrotado.
“Isso é resultado de uma conjuntura política que foi formando dos dois grandes blocos de força que foram levando à polarização da eleição. A gente tem que ler as cartas, tem que ler a conjuntura”, declarou o presidente do PSB, Eduardo Campos.
Para o vice-presidente do PSB, Roberto Amaral, a decisão desta terça-feira é consequência de uma série de erros: a pré-candidatura precipitada, depois, a transferência do domicílio eleitoral de Ciro Gomes, do Ceará para São Paulo, um pedido do presidente Lula. O partido concordou e levou Ciro ao erro. Agora, o PSB se diz surpreso com o tiroteio verbal de Ciro.
Antevendo a derrota, nos últimos dias, Ciro Gomes atacou seu próprio partido, os aliados, o governo Lula. Em relação a Dilma e José Serra, pré-candidato do PSDB, ao mesmo tempo atacou e elogiou.
Ao portal IG, Ciro disse na semana passada: "Minha sensação agora é que o Serra vai ganhar esta eleição. Dilma é melhor do que o Serra como pessoa. Mas o Serra é mais preparado, mais legítimo, mais capaz".
Ciro disse depois que essas declarações foram dadas numa conversa que acreditava ser apenas informal com o portal IG. No domingo, porém, em entrevista à Rede TV, não recuou da afirmação de que Serra é preparado, mas acrescentou críticas: "Serra é preparado, tenebroso e autoritário. Com o poder na mão, é um risco para o país".
Na mesma entrevista, elogiou a candidata da base aliada: "Dilma é uma figura de grande valor. Decente, competente, honesta. Lula escolheu a melhor”.
Com a decisão desta terça, é como se o PSB tivesse perdido os anéis para preservar os dedos. Sem o palanque de Ciro, espera reforçar as 11 candidaturas a governos de estado no palanque da candidata apoiada por Lula.
Dilma já disse que se considera preparada para disputar as eleições. Mas nesta terça preferiu não falar muito sobre as declarações de Ciro Gomes.
“Olha eu, de fato, não vou responder ao deputado Ciro Gomes porque eu acredito que o deputado é uma pessoa que sempre esteve ao nosso lado. Espero que ele volte a estar de forma mais próxima agora”, declarou.
Serra também não quis comentar: “Olha, não tenho nada a comentar, não tenho pessoalmente nada contra ele e não tenho nada a comentar a esse respeito. Como candidato, eu não me sinto à vontade para fazer comentários, como se diz na minha terra: nesses casos, sapo de fora não chia”.
Em nota, Ciro Gomes disse que aceita a decisão do partido e que se submeterá a ela, embora a considere um erro tático. Mas o ex-ministro faz uma observação aos companheiros de partido em tom de alerta: "Meu entusiasmo e o nível de meu modesto engajamento irão depender do encaminhamento, pelo partido, de minhas preocupações com o Brasil, com nossa falta de um projeto estratégico de futuro, com a deterioração ética generalizada de nossa prática política, com a potencial e precoce esclerose de nossa democracia."
Nenhum comentário:
Postar um comentário