ATENAS - Os 148 brasileiros resgatados da Líbia neste sábado devem chegar ao porto de Pireus, a 7 km de Atenas, na Grécia, por volta das 2h de domingo (horário de Brasília). Segundo a Embaixada Brasileira na capital grega, os funcionários da construtora Queiroz Galvão devem retornar ao Brasil a partir da segunda-feira.
De acordo com o primeiro-secretário da embaixada, Gustavo Bezerra, a missão diplomática brasileira trabalha desde a última quinta-feira na montagem da estrutura necessária para a regularização dos funcionários, já que eles deixaram o país africano sem passaportes. "O trabalho da embaixada vai ser chegar no porto, montar um esquema de assistência consular para emitir um documento chamado 'autorização de retorno ao Brasil'. Esse documento vai permitir que eles entrem na Grécia e, daqui, peguem um voo fretado pela companhia rumo ao Brasil", disse Bezerra.
Ele afirmou ainda que a embaixada trabalha para confeccionar os documentos no menor tempo possível. Ainda assim, a companhia reservou hotéis em Atenas para abrigar seus funcionários enquanto aguardam a regularização. "Acredito que eles passem a noite aqui e, somente a partir de segunda-feira, comecem a retornar", disse o primeiro-secretário.
Além dos 148 brasileiros, o navio que deixou a cidade líbia de Benghazi às 10h deste sábado (horário de Brasília) transporta funcionários da empresa de outras nacionalidades (48 portugueses, 13 espanhóis e um tunisiano).
O resgate do grupo por via aérea foi descartado por causa da destruição no aeroporto do Benghazi. Segundo o Itamaraty, fora o grupo de Benghazi, não há mais brasileiros a serem retirados da Líbia. Alguns poucos preferiram ficar no país africano, por estarem em segurança e com suas famílias, de acordo com a Chancelaria brasileira.
Outros brasileiros que estavam em Trípoli - funcionários da empresa Odebrecht - foram resgatados de avião na quinta-feira e levados para a ilha de Malta, no Mediterrâneo. Também foram retirados da capital brasileiros que trabalharam para a Petrobras e a construtora Andrade Gutierrez.
Kadafi determinado a combater a rebelião popular
Os moradores de Trípoli preparam-se neste sábado para batalhas sangrentas depois de uma noite de disparos diante da ameaça do líder líbio, Muamar Kadafi, de armar seus seguidores para derrotar a rebelião popular, que controla a região petroleira do leste.
Enquanto a oposição armada instaura uma nova administração nas cidades sob seu controle, foram escutados tiroteios à noite em alguns bairros da capital, que continua sob a autoridade de Kadafi.
"Cortaram a eletricidade (ontem à noite) e desde então não foi restabelecida", declarou um morador contatado por telefone. "Estamos aterrorizados. Pensávamos que preparavam um ataque. Recolhemos tudo o que podíamos para servir de arma e vigiamos a porta da casa", completou.
Mas em outros bairros da capital, onde a eletricidade não foi cortada, a noite transcorreu com calma, segundo um jornalista da AFP.
No âmbito diplomático, acentuava-se a pressão no décimo segundo dia de insurreição. O presidente americano, Barack Obama, assinou um decreto que congela os bens nos Estados Unidos do coronel Kadafi e de seus quatro filhos.
O Conselho de Segurança da ONU retomará suas consultas neste sábado. Um projeto de resolução menciona sanções, incluindo dois embargos, um de armas e outro de viagens do coronel Kadafi, cujos bens também seriam congelados, segundo fontes diplomáticas.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou na sexta-feira à noite, ao fim de uma reunião sobre este tema, que o Conselho de Segurança deveria tomar "medidas decisivas" o quanto antes.
O projeto de resolução do Conselho de Segurança adverte também Kadafi de que os atos violentos registrados podem constituir crimes contra a humanidade, segundo vários diplomatas.
A União Europeia já decretou embargo de armas, congelou bens e proibiu a concessão de vistos a Kadafi e seus funcionários.
Criticado no exterior e atacado pela oposição armada, Kadafi discursou na sexta-feira à noite diante de centenas de partidários no centro de Trípoli. O regime líbio parece cada dia mais isolado, depois de ser abandonado à sua sorte por países árabes e vários colaboradores e diplomatas, inclusive embaixadores líbios em Paris, Lisboa, Genebra e na Unesco, assim como por Kadaf al Dam, seu assessor e primo. O embaixador da Líbia na ONU, Mohamed Shalgham, também desertou.
Os Estados Unidos suspenderam o funcionamento de sua embaixada devido à impossibilidade de garantir a segurança aos diplomatas.
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